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sábado, 10 de setembro de 2016

AD ETERNUM








Sobre a vida, posso mencionar fatos corriqueiros, mas minha personalidade, meu eu lírico, minha irritante pessoa não permite ser tão superficial assim. Por outro lado, me recuso a discorrer sobre problemas, e o saco cheio que a vida fez questão de transbordar.
Um café cairia bem, seu aroma me acalma, seu sabor me desperta para a realidade de que prefiro uma xícara de chá e, pelo desânimo acabo optando por um copo de água.
Sou impedida de viver pelas escolhas que teimo seguir. Durmo demais. Estudo de menos. Durmo demais. Vivo de menos. Estou limitando todo o livre arbítrio que possuo.
Palavras eloquentes me causam calafrios. Estou com tanto sono. Gostaria de ler Shakespeare, conhecer mais sobre Victor Hugo, e sinceramente, gostar de Poe, mas me impeço dessa aventura desconcertante, afinal, é hora de cochilar um pouco.
Quero conhecer a Europa, aproveitar o frio, fotografar a paisagem que vejo por outras fotos. Serei audaciosa, corajosa, enfrentarei o mundo com a mochila nas costas assim que acordar.
Vou adotar um cachorro, ou um gato, um pássaro... quero me dedicar a algo que precise de meus cuidados. “Vem Totó! Totó?! Cadê você?” O Totó morreu de fome enquanto eu descansava.
Tenho planos com meus amigos para quando formos bem sucedidos, vamos viajar juntos, aproveitaremos a vida. Ligarei para... não, ela se casou, aquela outra mudou de cidade, ele começou a namorar com aquela chata. Deixa pra lá, vou me enrolar nas cobertas.
Agora cansei de dormir, quero me exercitar, aprender uma nova língua, mas os médicos disseram que em breve dormirei "ad eternum". Tudo bem, já me acostumei a deixar a vida de lado.



SIMONE ROCHA - 10-09-16




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