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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

AS ESTAÇÕES




 Sente-se aqui menina
Quero lhe falar sobre as quimeras dos meus anos
Das primaveras sem flores que a vida me fez assistir.
Venha cá, doce menina
Deixe-me contar as histórias sombrias
Das noites de inverno que assombram meus dias de sol.
Sabe menina, as férias de verão nem sempre nos trazem um amor
Às vezes as decepções são as surpresas que jamais esperamos.
Ah menina!
Descobri que a voz fala mais quando emudece
Que os gritos que clamam exortam os demônios
E que a preocupação deve se manifestar perante o silêncio.
Quando calares, então dirás o que sua alma suplica.
Venha cá, menina
Deixe-me te ouvir. 



SIMONE ROCHA




domingo, 14 de fevereiro de 2016

ALGUÉM AI?





Alguém pode me ouvir?
Alguém, por favor, poderia me ensinar a andar? Temo envelhecer sem sair do lugar, sem dar os primeiros passos.

Alguém me ajude?
Preciso enxugar essas malditas lágrimas que fluem sem permissão. Não sei prendê-las dentro dos olhos que te olham e se destroem.

Alguém se importa?
Se uma única alma sentar-se ao meu lado e, com paciência, ouvir minha história, teria imenso prazer em contar-lhe minhas filosofias.

Alguém me acorde?
Estou no mundo dos sonhos que se tornam pesadelos no alvorecer, que não me despertam das ilusões da realidade nem me mostram as verdades inseridas nos meus devaneios.

Alguém pode cantar?
Me ensine rodar na melodia da sua voz. Não precisa ser para sempre, apenas nosso momento perpétuo satisfará os anseios de dançar a valsa que jamais ensaiei.

Alguém me encanta?
Que não seja abstrato, que não dilua ao me tocar nem vaze entre meus dedos. Não preciso de uma imagem bonita, de um ideal perfeito, de alguém que invente sua personalidade para me encantar.

Alguém me encontra?
Estou aqui, esperando sua mão me guiar para o mundo. Encontrem meu eu, está dentro de mim e não consigo puxar. Estou sem forças, estou sem ar, sem voz para que possas ouvir o eco da minha alma e me localizar.

Alguém me cala?
Esse clamor acendeu a chama do desespero que havia amenizado com o tempo. Tapem os ouvidos, fechem minha boca, libertem minha mente e silencie meus temores. Preciso de paz, preciso vencer essa guerra que travei com comigo.

Alguém me perdoa?
Meus pecados estão aflorados, perdi a pureza da infância, das brincadeiras nas ruas, dos pés descalços. Estou conhecendo, me surpreendendo e me assustando com a imagem deturpada que conheci. Não sou mais eu, sou uma que guarda várias outras personalidades.

Alguém me ama?
Já não importa mais. Depois dos apelos mudos, das súplicas ocultas, do desprezo de vocês, basta. Eu aprendi a me ouvir, me ajudar, me importar, me acordar, a cantar, me encantar, me encontrar, me calar, me perdoar, me amar e a ser feliz.

Alguém precisa de ajuda?





SIMONE ROCHA 14-O2-2016