STATUS

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

NÃO SOMOS O QUE SOMOS



Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu...

Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...

Não somos menos
Do que um dia sonhamos
Uma eterna sinfonia
Dos pensamentos platônicos
Em infinitos anacrônicos...

Não somos então
Mais do que pensamos
Criador ou criação
Inspiração da perfeição
No pensamento existente.







BRUNO SANDRE & SIMONE ROCHA

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

MEIO ASSIM




Tenho dias que passo de dia
E dias que passo a noite em claro.
Tem dias que estou meio assim
E outros que meio assim,
Não sei como estou.
Dias, meus dias!
Todos os dias
O dia todo
Penso, meio assim
Numa forma de ser quem eu sou.
Não sou quem eu sou
Nem sei quem sou eu,
Só sei que não sou eu
Aquele que é o que se vê.
É meio assim,
Não dá para explicar.
É meio assim,
Só sei que não dá.



SIMONE ROCHA

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

METÁFORAS




E corre atrás das borboletas.
Capturem-nas!
O sol da manhã
Permite o que o do meio dia castiga.
Instiga os desejos,
As vontades e o despertar.
O da tarde (intenso)
Maltrata.
Corre atrás das borboletas.
Enquanto é cedo, ainda dá.
O sol da tarde é sem brechas.
Procure as sombras
Mas ele o encontrará.
Atrás das borboletas.
O sol da manhã e da tarde,
Ambos no dia,
O alvorecer se recria
Onde o entardecer se copia.
Das borboletas...
Usufrua.
O sol que brilha nas noites
Não aquece nos dias.
Vigia, copia, recria...
Borboletas não podem ser capturadas.
O sol da noite protege-as,
O da tarde instiga-nas
E o da noite revela a beleza que se oculta entre as cores.




SIMONE ROCHA

“MIM”




Ando assim
Cansada de “mim”,
Do mundo também
E nem sei mais de quem.
Pra frente tem gente
E atrás muito mais
Tem gente demais
Olhando pra “mim”,
Passando por “mim”,
Sorrindo pra “mim”,
Rindo de “mim”
E todas sem “mim”.
Não sei ser assim
Não sei ser de alguém,
Pertenço ao mundo
(Não ao perdido)
E não sou de ninguém.



        SIMONE ROCHA



terça-feira, 15 de outubro de 2013

NAS ASAS DO TEMPO





Estava voando
Flutuando em meio às nuvens
Quando notei que estava nas alturas.
O pânico quase me dominou
Mas antes disso           
Acalmei-me.
Resolvi que iria usufruir
Que iria aproveitar essa oportunidade.
Abri os braços
E deixei-me levar pelos ventos.
Lá de cima
Eu me vi sentada,
Me vi chorando,
Me vi  perdida.
Uma imagem triste.
Comecei a cair desenfreadamente.
Achei que chegaria ao chão
E que ficaria informe,
Mas não.
Cai direto dentro de mim,
E doeu.
Descobri que meu peito estava arrebentado
Que um vazio apoderava-se do meu ser.
Eu resolvi acabar com tudo.
Se eu consegui com que minha alma voasse
Então poderia restaurar meu coração.
Foi o que fiz.
Resolvi me alegrar.
Deixei a luz entrar
E a felicidade se espalhar.
A vida então mudou.
Abri novamente os braços
Senti-me livre.
Liberta, simplesmente
Sorri.





SIMONE ROCHA

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

NÃO VALE A PENA A MORTE!




Após as trincheiras
_Viva a Revolução!
Levantam-se os mortos
Recriam movimentos...
Movimentam-se!
Mulheres na guerra
Na guerra desabrocham
Perfumam as fábricas
Não apenas seus jardins.
Quem vence as mortes?
Ninguém sai vencedor das guerras.
As conquistas não compensam.
Perdas das almas.
As almas vagam sempre derrotadas.
De nada valeu?
Não vale a pena a morte!
Uma causa,
Um ideal...
Carnificina!
Entente crescente,
Aliança descontada...
E descontente.
Ressentimento ou vingança?
Quem chegará primeiro?
Não vale a pena a morte.


SIMONE ROCHA

domingo, 18 de agosto de 2013

O NÃO DE MIM





Verdades que me calam
Poesias que eu grito
Lágrimas que sufoco
Sorrisos que repito.

Pensamentos que liberto
Loucuras que suprimo
Detalhes que ensaio
Danças que reprimo.

Viagens que não faço
Mentiras que não minto
Amores que não amo
Sentimentos que não sinto.

Passagens que não sigo
Belezas que não vejo
Olhares que não encontro
Bocas que não beijo.

Caminhos que não chegam
Paradas que prosseguem
Destinos que não mudam
A vida que não vivo e segue.



SIMONE ROCHA

AO FIM CLAMO




Gostaria que novas perspectivas surgissem
Que novas idéias brotassem
E que uma nova era se formasse.
Gostaria que o tempo não fosse um limite
Mas um aliado ao qual recorrer.
E se a noite fosse perpetuada
No santuário de nossas almas?
E se o dia se multiplicasse
Tornando-se milhares de estrelas cadentes?
Faríamos pedidos?
Pediríamos que ressurgisse o sol?
Gostaria que as impossibilidades se fundissem
Trazendo a tona a fórmula das realizações.
Gostaria que a água acabasse,
Que os pássaros se calassem,
Que tivesse um final todos os gemidos.
Ao fim clamo,
Para que as correntes sejam quebradas.
Ao fim clamo,
Para que um recomeço se materialize.
Ao fim clamo,
Para ser ouvida, para sentir o óbito, para seguir a morte,
Para obter a vida.
Ao fim clamo,
Eterna evolução.
Ao fim clamo,
Que comece a revolução.



SIMONE ROCHA



quinta-feira, 25 de julho de 2013

VIGIA





Penápolis, 25 e julho de 2013.


Ao vigia dos corações.


Honrado senhor,



Venho através dessa solicitar sua atenção, e se possível sua compreensão em relação ao meu caso. Ando tendo problemas com o coração que designou a mim, e preciso dizer que ele está me causando desacertos e lágrimas.
Desde que descobri sua função principal, ele não tem se acomodado. Exige atenção, e quer que suas vontades sejam feitas. Se não as faço, ele se aborrece, fica acuado, silencioso, e todo “dolorido”, então não consigo sorrir, brincar, planejar, sonhar, nem ficar leve e bem. Passo o tempo todo estressada, tristonha, chorona, e grosseira. É como se eu dependesse do bem-estar dele para ficar bem também.
Senhor, peço que leve em consideração meus argumentos. Imagino que deva haver muitas pessoas com queixas mais graves que a minha, com reclamações e outros casos que desconheço. Mas imploro que reserve um tempo para solucionar minha situação, pois está difícil passar meus dias com o peito apertado. Penso que me desfazer dele não seja possível, mas já seria de grande ajuda ter um manual para entendê-lo.
Gostaria de sentir o que quero, quando quero, e por quem quero. Poder agir de forma lógica, racional, e sem misturar minhas vontades com as desse teimoso que habita em mim. Preciso tomar as rédeas da minha vida, mas não obtenho sucesso nessa caminhada, não com ele ditando minhas decisões. Estou desesperada e sem saber como agir. Por favor, responda-me o mais depressa que puder. Não sei se posso dividir-me com esse coração cuja função deveria ser apenas pulsar.
Desde já agradeço pela oportunidade de lhe falar.


Atenciosa e ansiosamente.

Simone Rocha





domingo, 14 de julho de 2013

VARIADA






E me faz sorrir
Faz-me cantar
Faz-me brincar
Faz-me esquecer
Faz-me crer que é possível sonhar.

Faz-me menina
Faz-me mulher
Faz-me moleca
Faz-me pensar que cresci
Sem deixar de ser criança.

Faz-me amiga
Faz-me irmã
Faz-me palhaça
Faz-me anjo
Faz-me ser eu
Mesmo quando me desconheço.

Faz-me bem
Faz-me feliz
Faz-me crer que sempre está aqui.



SIMONE ROCHA

sábado, 13 de julho de 2013

TEMPOS PASSADOS





Saudades do cheiro e do aconchego
Saudades dos sorrisos dados
Saudades dos sorrisos tirados.
Saudades dos olhares trocados
Dos abraços apertados
Dos beijos roubados.
Saudades das lembranças boas
Saudades de viver um conto
Saudades do acolhimento sem recompensas.
Saudades das piadas,
Das brincadeiras,
E também das discussões
Quando divergíamos nas opiniões.
Saudades das músicas boas
Dos filmes ruins
E de dormir em seus braços.
Saudades dos tempos que a lembrança
Era o presente que ganharíamos.
Saudades do tempo perdido
Do tempo vivido
E do tempo sonhado.
Saudades de quando eu sorria
De quando eu pensava
Que o futuro não tardava.
Saudades dos momentos
E saudades de sentir saudades.
Saudades de você,
E saudades de mim
Quando estava o seu lado.




SIMONE ROCHA

sexta-feira, 12 de julho de 2013

SAUDADES DA CRIANÇA QUE FUI





Saudades de quando tudo era bom
Tudo se resumia a brincar
E a sorrir.
Saudades de subir na árvore,
De molhar os pés na poça,
De ficar na rua até tarde
Sem preocupar-se com o perigo.
Tenho saudades de não ter preocupações,
De não ligar para coisas supérfluas,
Saudades de aproveitar o momento.
Tenho saudades do bolo quentinho,
Do doce baratinho,
E de vestir as bonecas.
Podia voar,
Ser médica, artista,
Cuidava de animais,
E regava as plantas.
Tenho saudades de ralar os joelhos,
De não temer me machucar,
De enfrentar as “aventuras” de infância.
Tenho saudades de ser criança.
       



SIMONE ROCHA

sábado, 29 de junho de 2013

LIBERTÀ (LIBERDADE)












Quando uma luz se apaga ela não deixa de ser luz. Ela apenas deixa de brilhar.
Quando um pássaro não voa, ele não deixa de ser um pássaro. Apenas deixa de voar.
Quando um filho sai da casa dos pais, ele não deixa de ser filho. Apenas deixar a casa dos pais.
Quando uma pessoa não enxerga, ela não deixa de ser gente. Apenas deixa de enxergar.
Quando mudamos, não deixamos nossa essência, apenas acrescemos nosso conhecimento, transformamos nossas mentes, moldamos nossos ideais, sonhamos novos sonhos, aperfeiçoamos nossas características a partir das experiências adquiridas.
Mudar não significa deixar nosso eu, nem criar um novo personagem para assumir nossas vidas. Mudar é uma reinvenção de nós mesmos. Não é uma réplica ou cópia, mas uma retratação de nossas personalidades.
Não podemos mudar? Não podemos crescer? Não podemos errar?
Essa sociedade nos proíbe de cometermos nossos próprios equívocos? Proíbe-nos de sonharmos nossos sonhos e de transformar nossos ideais? Não podemos opinar?
E se eu quiser ser livre? E se eu quiser voar? E se eu quiser moldar meu mundo, pintar meus sonhos, escrever minha alma? O cárcere que me aprisiona não é o da sociedade que vive impondo ditaduras, mas o do medo de mostrar as pessoas quem realmente quero ser.





                                      
 SIMONE ROCHA